O continente africano é considerado dos mais afectados pelas mudanças climáticas e com um grau de vulnerabilidade elevado cujos indicadores são caracterizados pelo aquecimento contínuo das temperaturas, aumento acelerado do nível do mar, condições meteorológicas extremas e desastres climáticos como inundações e deslizamentos de terra, o que exige dos gestores das estradas a construção de infra-estruturas resilientes aos choques climáticos.
Lacunas como a inexistência de um quadro legal para ultrapassar as questões de mudanças climáticas fazem parte dos constrangimentos que os países africanos enfrentam, assim como a falta de regulamentos na área de infra-estruturas, principalmente as de construção de estradas, faz com que algumas vias sejam construídas sem respeitar criteriosamente aspectos de resiliência climática.
Com vista a reverter este cenário, as autoridades africanas são chamadas a desenvolver instrumentos legais que versam sobre a resiliência climática em infra-estruturas. No mesmo diapasão, são solicitadas a optarem por acções multi-institucionais e intersectoriais, com realce na capacitação institucional, de modo a assegurar uma execução de medidas que permita adaptações climáticas, mas, também, a criação de uma plataforma para a partilha de conhecimento.
Na sua locução, Miguel Coanai, da Administração Nacional de Estradas (ANE), que falava na 20a Assembleia Geral da Associação Africana dos Fundos de Manutenção de Estradas (ARMFA), partilhou a experiência de Moçambique na gestão de eventos climáticos com impactos na rede viária.
“A localização geográfica de alguns países africanos (incluindo Moçambique) propicia a ocorrência de inundações. De forma a mitigar estas situações, a ANE tem vindo a trabalhar com instituições do Governo ligadas à meteorologia e gestão de recursos hídricos, para uma melhor gestão e monitoria deste fenómeno. Além disso, são, também, realizados anualmente mapeamentos das infra-estruturas a serem afectadas pelos eventos climáticos extremos, com o auxílio de uma plataforma concebida para o efeito”, destacou.
Por sua vez, o engenheiro sul-africano John Rammutla fez menção à conferência de Paris sobre mudanças climáticas, onde foi apontado que o continente africano tem, até 2050, de reduzir os níveis de emissões do carbono.
“África é o continente que menos emite o dióxido de carbono, contribuindo com 26 por cento das emissões globais, e, em contrapartida, é o que mais sofre os efeitos das mudanças climáticas. Por isso, há necessidade de se encontrar mecanismos de tornar a atividade de transporte eficiente, viável e amiga do ambiente, através de adopção de soluções como o uso de transportes elétricos, de modo a amenizar a emissão dos gases de efeito estufa e optar-se pelo uso eficiente das redes viárias existentes”, sugeriu Rammutla.
Fonte: Jornal Moçambique