O Presidente do Conselho de Administração do Fundo de Estradas, Ângelo Macuácua, defendeu que o desafio da resiliência da rede de estradas não será vencido apenas com soluções técnicas, mas sim através da combinação óptima entre engenharia adaptada ao clima e mecanismos financeiros sustentáveis.
Macuácua falava no Seminário Internacional sobre melhoria da resiliência da rede de estrada, que decorre em Maputo, sob o lema “Estratégias para Adopção de Custos Razoáveis para a Adaptação às Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Sustentável”.
Na sua apresentação subordinada ao tema “desafios da resiliência climática das infraestruturas rodoviárias”, Ângelo Macuácua apresentou os desafios que os países enfrentam e as causas da vulnerabilidade da rede viária em África para defender que “sem finanças sólidas, cada avanço técnico será apenas temporário. Sem técnica robusta, cada investimento financeiro será um desperdício de recursos.”

Para aquele dirigente, as contínuas intervenções para repor a transitabilidade a cada evento extremo, recorrendo aos recursos já escassos, que seriam para a manutenção preventiva, tornam-se um ciclo vicioso que mina a mobilidade, a economia e a confiança das populações.
Outra causa a considerar da vulnerabilidade da rede viária é falta de acesso a tecnologias modernas e a práticas de engenharia adaptadas ao clima, que poderiam aumentar a durabilidade e a resiliência das infraestruturas.
“Quando os recursos alocados para obras de emergência são insuficientes, a resposta do sector de estradas aos desafios emergentes das mudanças climáticas torna-se limitada e tardia. As estradas permanecem intransitáveis por mais tempo, isolando comunidades inteiras e dificultando a circulação de bens essenciais. Este bloqueio gera um efeito cascata sobre a assistência humanitária: sem vias transitáveis, não há como levar alimentos, medicamentos ou apoio às populações mais vulneráveis”, considerou Macuácua.

Como resultado, defende Ângelo Macuácua, este cenário cria um risco real de falências, sobretudo entre pequenas e médias empresas, levando à retracção do sector privado, à redução da concorrência e à perda de capacidade instalada.
“O impacto repercute-se directamente no emprego e na economia local: trabalhadores perdem postos de trabalho, comunidades vêm os seus rendimentos reduzidos e a espiral de vulnerabilidade socioeconómica intensifica-se. Pelo que, sem um sistema financeiro flexível, responsivo e orientado por riscos, não teremos estradas resilientes”, finalizou Ângelo Macuácua.
